quarta-feira, 15 de julho de 2009

TEMPO - SEMPRE UM PRESENTE

Meu queridos botões,

Cá estou de novo, de papo com vocês, e me redescobrindo, abrindo botões.

Estou em dias de exames, e pior, de esperar resultados de exames. Digo pior por não poder deixar de sentir bem forte dentro de mim a ansiedade. Afinal, do resultado desses exames depende a realização ou não do que estou planejando fazer.
Quero voltar a assumir compromissos de pelo menos médio prazo, quero acordar com aquela expectativa boa acerca das realizações daquele dia, daquela semana, daquele mês. Tenho andado chateada com essa limitação.
Sei que meu estado físico não me impede de fazer nada. Estou aparentemente muito bem disposta, mas fiquei os últimos 9 meses parada porque o que faço não é num emprego certo, regular. Eu preciso assumir compromissos com data certa e cujo descumprimento provoca transtornos importantes nas agendas das outras pessoas. Então, como não sabia como meu organismo estaria após cada sessão de tratamento, fiquei com receio de assumir compromissos. E agora, nessa fase de acompanhamento (trimestral), também não quero assumir nada num prazo que não caiba bem entre um período de exames e o outro.
Isso traz uma nova e bem diferente noção de tempo. Agora ele é para mim sempre um presente, e é só PRESENTE.
Não saber lidar ainda com tal mudança me traz muita ansiedade e até uma certa angústia. Ainda não sei bem se viver no presente é fazer logo TUDO (e assim viver atropeladamente), ou é não pensar em nada mais que aquilo que caiba no presente, no agora.
Eu passei a maior parte da minha vida vivendo em função do futuro, acreditando que assim eu o estava construindo. Então, adiei importantes decisões para quando determinadas condições só existentes no FUTURO acontecessem. Foram tantas as coisas que eu me dizia que queria fazer mas que só faria quando eu crescesse, quando me formasse, quando casasse, quando tivesse filhos, quando os filhos crescessem, quando os filhos se formassem, quando casassem, quando me chegassem os netos...
Isso na vida prática porque, paradoxalmente, minha vida afetiva, emocional, foi ficando para trás. Os afetos mobilizadores - que chamamos de paixão, esses foram se tornando memória. As paixões nos levam a explorar os limites dos afetos seguros, seja nos relacionamentos pessoais, seja nas nossas aventuras com a vida, com o mundo. Então, nesse sentido, a maior parte da minha vida tem sido vivida no PASSADO, lá onde ficaram as minhas paixões.
Que grande e belo desafio tenho diante de mim agora. Viver plenamente a única instância de tempo onde é possível se ter vida verdadeira, o presente.
Hoje por exemplo é um bom dia nesse presente. Estou fazendo algo que me apaixona, dando aula. Estou trocando idéias e praticando com pessoas interessadas, sobre a arte a que me dedico desde há seis anos atrás - a mediação de conflitos. É claro que todo meu empenho e estudos tem podido ajudar a outras pessoas a lidarem e até resolverem alguns de seus conflitos, mas são ainda muito pouco para que eu resolva os meus próprios.
Meus botõesinhos queridos, que ironia, conforme um grande estudioso e professor do tema, lidar com nossos próprios conflitos, sobretudo aqueles com os que nos são mais chegados, é tarefa para depois do nível PhD. Ainda chego lá...
Mas, para viver no presente, sem PhD, vou fazendo o melhor que posso.

Para me curar da ansiedade - que é viver no FUTURO, e da nostalgia - que é viver no PASSADO, quero ficar alerta ao tempo que tenho como dádiva: meu PRESENTE. Então paro por aqui pois outros afazeres me esperam.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

EXTRAVIO DE AMOR

Oi meus botões,

Desde a madrugada que estou matutando e treinando essa conversa com vocês. É que tem muita coisa fervilhado dentro de mim.
Estou acompanhando de perto o fim de um romance, um relacionamento onde parecia haver muito amor. Experimentando o susto pela surpresa, depois a aflição diante de uma dor que eu não podia ajudar a aplacar, eu tenho estado muito mobilizada.

Por ter já aprendido a relação entre AMOR E SOBREVIVÊNCIA, título de um livro que me foi recentemente receitado por um médico (e que tem como subtítulo "A base científica para a cura pela intimidade") eu não consigo ficar alheia e sem pensar muito sobre o que nos leva a nos perder de viver TODAS as possiblidades do amor que tudo cura.
Por que será que escolhemos nos afastar de pessoas que amamos quando o convívio se torna difícil, desafiador das nossas crenças ou valores, egoicidades e idiossincrasias? Por que, decididos, nos deixamos abertos ao mal, às doenças do corpo (baixa imunidade tem tudo a ver), da mente e da alma, só para não enfrentarmos os desafios de estabelecermos relacionamento com o outro? Será que intimidade nos assombra, quando segundo as pesquisas do livro acima citado, é fonte de sanidade e até de cura?
A ciência nos ensina que VIDA é algo sistêmico e por isso um fenômeno resultante de relacionamentos que se estabelecem entre as menores partes de um sistema, tornando-o um outro sistema maior, que por sua vez se une a outros sistemas, e assim sucessivamente.
O "eu sozinho" é a maior das ilusões de segurança mas em nossa formação individualista é a primeira escolha por nos dar a sensação de estarmos no controle. Mas esse controle é a maior falácia porque nos afasta da VIDA, nos impede de desenvolver as habilidades para transitarmos no caminho do AMOR, que é o liame de relacionamentos bem sucedidos mas nem por isso imunes às características gerais do sistema VIDA que pressupõe:

1. Complexidade, levando sempre em conta o contexto
2. Instabilidade, que aceita a indeterminação, a imprevisibilidade, a reversibilidade, a incontrolabilidade
3. Intersubjetividade, que coloca a objetividade num de seus aspectos existenciais e não desconsidera, em suas relações, a subjetividade do outro.

Isso parece muito didático, mas bolas, ensinar e aprender é algo que está implícito nessa perspectiva de ser a VIDA um eterno exercício de relacionamentos e por consequência, de trocas. A isso se dá o nome de INTERDEPENDÊNCIA.

Se somos educados para buscar INDEPENDÊNCIA, AUTOSSUFICÊNCIA, SEGURANÇA, e por aí vai, é natural que quando nos deparemos com a descoberta dessa 'liga' que mantém a vida que chamamos AMOR, o deixemos extraviar-se. Como podemos nos entregar à vulnerabilidade? Como podemos admitir viver algo que derruba os valores máximos que nos ensinaram serem garantia de sucesso e felicidade?

Quando será que vamos acolher sem medo esse sentimento/'liga', com o reconhecimento tão simples de que para que ele funcione como meio de criação do bem e de expressão da nossa saudável interdependência, para que ele atenda à nossa necessidade vital primeira, (muito bem expressa por Confúcio, que dizia que "Para o ser humano SER é preciso que exista outro ser humano para o reconhecer" ) precisamos desaprender tudo sobre independência, autossuficiência e segurança, que são valores não aplicáveis a AMOR?

Quando vamos evitar esse extravio de amor e vivermos o amor como nos ensina a canção:

“O seu amor, ame-o e deixe-o livre para amar,
O seu amor, ame-o e deixe-o ir aonde quiser,
O seu amor, ame-o e deixe-o brincar, ame-o e deixe-o correr,
ame-o e deixe-o cantar, ame-o e deixe-o dormir em paz.
O seu amor, ame-o e deixe-o ser o que ele é”.
(O seu amor de Gilberto Gil)

Penso que se aplicarmos esses versos nos referindo não a uma pessoa, mas ao amor em si mesmo e deixarmos esse tipo de AMOR habitar em nós, nunca teremos medo de amar por medo de perdermos nossa falaz independência, nossa ilusória autossuficiência, nossa fictícia segurança. Se o nosso sentimento for livre em si mesmo, leve o suficiente para ser como uma criança, seguro para ser o que ele é, nunca vamos nos apartar das pessoas que nos fazem sentir assim, porque saberemos que a instabilidade é própria da (a)venturosa presença desse AMOR em nós.

Ah, meus botões, vejo que o tempo urge, e eu não quero parar de falar sobre isso. Respirar esse sentimento enquanto escrevo é muito bom, não me canso. Mas se isso fica muito comprido pode cansar quem se aventurar a ler, então, por ora está bom.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

SOU OU NÃO SOU, ISSO É QUESTÃO?

Nasci, cresci
Tentei aparecer
Busquei o que seria SER
E vivi, e vivi
E procurei, e procurei
E muitas vezes pensei: achei!
E descobri mil caminhos
Da direção errada
Sempre acreditando que viver
Deveria SER
Estou no caminho de volta
Das descobertas de não-ser
E de volta ao meu começo
Uma lição de viver aprendi
Enquanto estiver por aqui
Não preciso saber nada de SER
Preciso estar atenta
A tudo aquilo que estou SENDO
E o fim dos tempos vai registrar
Exatamente o SER que fui.

Márcia Gama
10/12/2005

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A MORTE NA VIDA HUMANA

Volto a esse tema para postar algo que escrevi há alguns meses atrás e que ainda está tão fresquinho nas minhas experiências do cotidiano.

De uns tempos pra cá tenho sido chamada a pensar na morte. Não naquela simbólica, que todos os dias nos faz acordar diferentes, desfeitos de crenças e valores que achávamos definitivos e que, sem nos darmos conta, mudaram e nos transformaram.
Falo da morte fenômeno da vida física, falo do fim do meu corpo.
Eu adoeci, agora de uma doença que tem o estigma da morte, e todo mundo estranha que não me tenha enchido de pavor. Parentes, amigos, desconhecidos, médicos, terapeutas, todos, absolutamente todos, querem que eu manifeste sentimentos que a experiência dessa doença não me trouxe.
Então preciso falar do que é morte para mim.
A morte do corpo é um estágio da nossa experiência humana e não consigo me ver num embate tentando contrariar a natureza. A natureza, em sua sabedoria, estabeleceu um tempo determinado para que os seres vivos se expressassem e compusessem sua parte na grande e infinita sinfonia da VIDA. Que sentido faz lutar contra algo assim, tão claramente estabelecido em nosso contrato inicial de vida?
A morte não é minha inimiga, ela não é um mal e jamais fará mal a quem quer que seja. A morte está contida na nossa vida e ponto final. Jamais existiu ser vivo, humano ou não, que tenha se perpetuado na vida, e que não tenha passado por essa transmutação propiciada pela morte.
É desperdício de energia vital acreditar que a morte é um mal e lutar ‘contra’ ela.
Bom mesmo é acolhê-la sem receio e fazer de cada dia de nossa vida um tempo que valha a nossa existência, pois é assim que nos eternizamos. A morte amiga nos transforma, nos transporta, e nos permite a perene troca de energia cósmica que purga o universo, tudo limpando e tudo renovando.
A minha busca pessoal sempre me encaminhou para tornar a vida – período de tempo em que estou experimentando este corpo – em algo útil para a Grande VIDA, aquela todo-inclusiva, aquela do grande sistema imaginado pela sabedoria da CRIAÇÃO, para mim chamada de DEUS. Então me esforço para colocar cada vez mais energia na força de criação de vida, e absolutamente nenhuma energia no combate à morte.
Assim, diante de uma doença, não me vejo criando soldados ou cangaceiros com caras de maus para derrotá-la, vejo-me sempre reforçando minha energia de vida, que entendo que se fortalece na união, na alegria, na doação, no AMOR. E essa é a cara que quero para meus glóbulos brancos.
O que por certo a gente precisa aprender é a lidar com PERDAS. Toda perda é para nós uma forma de morte. É o não estar mais junto do que se conquistou – sejam os afetos, sejam as coisas inanimadas que, representando nossos afetos, nos fazem falta. Alguns pensadores da vida e da morte nos dizem que viver é perder, já que ao longo da nossa existência vamos perdendo coisas, pessoas, sentimentos. Esses são os pessimistas e descrentes.
Outros contudo consideram que viver é TROCAR. Ao nascer, trocamos a segurança do ventre materno pela segurança do colo e não somente pelas agruras do mundo, e por aí vai. Vamos trocando a forma do nosso corpo e vamos ganhando possibilidades e perdendo experiências que só aquela fase da vida nos proporcionava. Isso é ter uma visão otimista do viver que é coroada com a visão otimista do morrer, que é também perder uma forma e ganhar outra, mas continuar existindo.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

ESCONDERIJO PERDIDO

Já faz 10 meses que fui informada de ser portadora de câncer. Dez meses de mudanças na rotina de vida, mas muito poucas mudanças dentro de mim. Digo isso não por desdenhar das lições que poderia aprender, mas por considerar que já as estava aprendendo muito antes desse mal se manifestar.
Aí entram os grupos. Estou sempre sendo aconselhada a participar de grupos de pessoas que atravessam dificuldade semelhante e quando estou neles constato que é imperativo revelar sentimentos semelhantes aos daquelas pessoas, se não, a reação é sempre de descrença, de desvalorização das minhas falas.
Naturalmente que me vi descrita em muitos dos comportamentos que constituem o "perfil padrão" da pessoa com câncer (reducionismo em que custo a crer, porque sei da vida de pessoas maravilhosas, isentas das quisilas que definem o perfil dos portadores de câncer e que ainda assim morreram ou estão vivendo com essa doença).
Mas não consigo me ver no "perfil padrão" das reações diante da doença. E aí sinto de novo essa sensação de inadequação, de não fazer parte. E é uma sensação que advém não só da não identificação com o jeito de lidar com a doença, mas que advém da reação negativa às minhas colocações nos grupos.
Estar junto com pessoas é para mim o melhor exercício de existir. Sinto-me muito animada em dias de encontros com grupos, mas quando o encontro é 'terapêutico', não raro, saio com uma sensação desconfortável.
Eu não acredito em morte como fim da vida, de verdade. Então, porque temê-la? Ela virá, apesar dos meus medos. E os tenho muitos. Mas meus medos estão relacionados com a vida, não com a morte.
Tenho medo de não estar cumprindo o propósito dessa viagem. Tenho medo de estar fazendo ou deixando que se faça mal ao projeto divino da criação, de que somos executores. Tenho medo do sofrimento físico se essa ou outra doença qualquer me for muito dolorosa. Tenho medo de tornar a vida das pessoas queridas mais difícil por causa das minhas dificuldades. E por aí vai...
Isso já não é uma carga de medos suficiente para me tornar igual a todo mundo? Por que será que esses medos que declaro não são aceitos e preciso ficar sendo inquirida sobre o que escondo?
É bem possível que eu tenha muita coisa escondida em mim, mas peço paciência a quem me quer ajudar porque o que ainda escondo, escondo até de mim mesma. Decididamente não lembro onde escondi.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ainda o apagar de uma estrela

Meus caros botões,

Fui desencavar um pouco do Michael Jackson que tanto amei, só pra entender porque me sinto tão mais pobre. E achei tesouros. E achei nossas afinidades. Na canção EARTH SONG, ele, muito jovem ainda, falou o que eu falaria e ainda falo hoje sobre o que estamos fazendo com nossa grande casa - a Terra, e se estamos nos importando com os que precisarão dela amanhã.
Ele escreveu:

What about sunrise,
What about rain
What about all the things that you said we were to gain?
What about killing fields, is there a time
What about all the things that you said were yours and mine
Did you ever stop to notice all the blood we've shed before?
Did you ever stop to notice the crying Earth, the weeping shore?
Aah............... Aah... Oh...........Ooh Aah............... Aah.. Ooohh...........

What have we done to the world, look what we've done
What about all the peace that that you pledge your only son?
What about flowering fields is there a time?
What about all the dreams that you said were yours and mine?
Did you ever stop to notice all the children dead from war?
Did you ever stop to notice the crying Earth the weeping shore?

CHORUS.
Bridge I used to dream, I used to glance beyond the stars
Now I don't know where we are, although I know we've drifted far
Repeat CHORUS.
Ah.................. Ah.. Oh................... Oh... Ah...................Ah.. Oooh..................... Verses

What about yesterday / what about us?
What about the seas / what about us
The heavens are falling down / what about us
I cant even breathe / what about us
What about the bleeding Earth / what about us
Can't we feel it's wounds / what about us?
What about nature's worth

Ooh-OOh

It's our planet's womb / what about us?.
What about animals / what about it
We've turned kingdoms to dust / what about us
What about elephants / what about us
Have we lost their trust / what about us
What about crying whales / what about us
We're ravaging the seas / what about us
What about forest trails
ooh-Ooh
Burnt despite our pleas / what about us
What about the holy land / what about it
Torn apart by creed / what about us
What about the common man / what about us
Can't we set him free / what about us
What about children dying / what about us
Can't you hear them cry / what about us
Where did we go wrong ooh-ooh
Someone tell me why / what about us
What about babies / what about it
What about the days / what about us
What about all their joy / what about us
What about the man / what about us
What about the crying man / what about us
What about Abraham / what about us
What about Death again ooh-ooh
Do we give a damn??
Aah..........ah Ooh..........Ooh Aah..........Ah Oooh............

MICHAEL JACKSON Earth Song
Canção da Terra (Direitos reservados aos seus respectivos autores. Traduções ©mjMusic.)

E quanto ao amanhecer
E quanto a chuva
E quanto a todas as coisas que você disse que conquistaríamos
E quanto aos campos de batalha
Ainda há tempo?
E quanto a todas as coisas que você disse serem suas e minhas
Você já parou para ver todo o sangue que já derramamos
Você já parou para ver
Esta Terra que chora, está se desfazendo
Aaaaaaaaaah Oooooooooh Aaaaaaaaaah Oooooooooh

O que fizemos ao mundo
Olhe o que fizemos
E quanto a toda a paz que você prometeu ao seu filho
E quanto aos campos florescendo
Ainda há tempo?
E quanto a todos os sonhos que você disse serem seus e meus
Você já parou para ver
Todas as crianças mortas na guerra
Você já parou para ver
Esta Terra que chora, está se desfazendo
Aaaaaaaaaah Oooooooooh Aaaaaaaaaah Oooooooooh

Eu costumava sonhar
Que podia ver além das estrelas
Agora não sei onde estamos
Mas sei que fomos longe demais

Aaaaaaaaaah Oooooooooh Aaaaaaaaaah Oooooooooh Aaaaaaaaaah Oooooooooh Aaaaaaaaaah Oooooooooh
Ei, e quanto a ontem? (E quanto a nós)
E quanto aos mares? (E quanto a nós)
Os céus estão despencando (E quanto a nós)
Não posso nem respirar (E quanto a nós)
Preciso de você (E quanto a nós)
E quanto ao valor da natureza? (ooo, ooo)
É o útero do nosso planeta (E quanto a nós)
E quanto aos animais? (E quanto a eles)
Transformamos reinos em pó (E quanto a nós)
E quanto aos elefantes? (E quanto a nós)
Perdemos a confiança deles (E quanto a nós)
E quanto as baleias que choram? (E quanto a nós)
Debatendo-se nos mares (E quanto a nós)
E quanto as florestas? (ooo, ooo)
Queimadas apesar de nossos pedidos (E quanto a nós)
E quanto a terra sagrada? (E quanto a ela)
Dividida por ganância (E quanto a nós)
E quanto ao homem comum? (E quanto a nós)
Não Podemos libertá-lo? (E quanto a nós)
E quanto as crianças que estão morrendo? (E quanto a nós)
Você não consegue ouvir seus choros? (E quanto a nós)
Onde nós erramos? (ooo, ooo)
Alguém me diga porque (E quanto a nós)
E quanto ao seu filho? (E quanto a ele)
E quanto aos dias? (E quanto a nós)
E quanto a toda diversão deles? (E quanto a nós)
E quanto ao homem? (E quanto a nós)
E quanto ao homem que chora? (E quanto a nós)
E quanto a Abraão? (E quanto a nós)
E quanto a morte? (ooo, ooo)
Nós ao menos nos importamos?
Aaaaaaaaaah Oooooooooh Aaaaaaaaaah Oooooooooh Aaaaaaaaaah Oooooooooh Aaaaaaaaaah Oooooooooh

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Vida equalizada

Olá meus botões

Um notícia de morte me fez escrever hoje sobre isso. Morreu um superastro, cuja arte acompanhou a meninice e a juventude de milhões de nós. Morreu Michael Jackson.
Curioso como a morte de alguém tão distante de mim me invade assim, me entristece mesmo.
E me faz pensar no quanto somos iguais. Superastros ou anônimos, só estamos aqui de passagem.
Mas há também uma grande diferença. A notícia da morte daquelas pessoas que tocaram meu coração de alguma maneira, mesmo que tão à distância, faz mais diferença que a notícia da morte de alguém que conhecia de perto mas que nunca chegou ao meu coração.

Que lindo mistério esse de amores que não precisam de retribuição para existir. Sim, quando meu coração se afeta com a perda de alguém que nunca fez parte física da minha vida, eu reconheço aquele AMOR que todos experimentamos um dia na vida mas que insistimos em não aceitar. O AMOR desapego, o AMOR sem posse, o AMOR que nos felicita a alma sem que precisemos cobrar nada, e que nada nos cobra. O AMOR que nos sustenta como espécie.

Quantos momentos de deleite, de alegria, de felicidade daquelas que só nossos amores nos proporcionam me chegaram através da arte daquele menino que cantava como um anjo.
Que pena que se tenha perdido na estrada alguém dotado de tanto talento e carisma. Fico pensando nele como uma criança explorada pela ganância da família, do showbiz e de todas as incompreensões que o separaram de si mesmo. Tanta glória e tanto sofrimento juntos devem servir para nos ensinar alguma coisa.

Vou pensar muito nisso, enquanto reparo no quanto a morte nos torna iguais de verdade. Agora ele também é oceano. E eu me permito respirar profundamente a tristeza que sinto agora.