Olá meus botões,
Nessa era cibernética, volto aos meus botões. Agora não mais (ou não só) aos botões da blusa, mas também aos botões dessas páginas quase mágicas que nos acolhem. Folhas em branco a espera de histórias de nossos bate-papos com botões.
Estou numa nova transição na vida - vida que nada mais é que isso: trânsito, transitar, passar.
Enfim, estou passando, e agora passando para a estrada derradeira, o caminho de volta. O caminho de rever as marcas do transitar precedente, corrigir estratégias, reavaliar crenças, valores, e chegar perto, perto de verdade, das pessoas que preencheram a paisagem dos caminhos percorridos e que foram tocadas, e que me tocaram.
Meu corpo registrou o que foram as minhas escolhas e me deu um ultimatum. Ou fico atenta a esse começo de regresso ou vou sair da escola da vida sem ter feito monografia de conclusão. Meu corpo adoeceu, me fez parar e me avisa, com todas as sirenes, que alguma coisa não foi cumprida a contento, ou a tempo.
Então, vou deixar registrada essa aventura com meu corpo físico, a(des)ventura de ficar doente, a minha busca pelos meus corpos emocional e espiritual, e a minha tentativa de libertação do meu corpo mental que, à semelhança dos bridões que colocamos em cavalos, enquadra e limita a minha experiência vital.
Começo logo registrando o quanto surpreendi às pessoas com a minha reação à notícia de estar doente. Parece que existe também nisso um comportamento padrão aceitável - o desespero, e fora desse modelo o que se faz é 'fuga', 'negação', 'alienação' e outros rótulos.
Ah! os rótulos. Eis uma coisa que vou avaliar bastante ao longo dessa caminhada. Desenvolvemos uma compulsão analítica e classificatória na crença de que viver sem analisar e rotular as coisas é como tentar viver sem respirar. A maioria dos humanóides sequer cogita tentar, é como parar de respirar.
E, paradoxo dos paradoxos, esse movimento mental compulsivo nos faz perder o melhor da festa da vida. Simplesmente nos afasta uns dos outros. Simplesmente nos tira da verdadeira energia que nos sustenta: a energia que trocamos uns com os outros, criando bloqueios e nós onde a energia - e a nossa existência - fica embarreirada.
Então, dei algum trabalho a amigos e parentes. Como eu podia estar tão 'calma' diante de tal perigo? Eu estava enganando a todos, querendo me fazer de forte, mas eu devia estar muito perturbada e precisava urgentemente de terapias da mente e da alma, diziam todos. É certo que em todos os momentos da nossa vida precisamos de cuidados para nos mantermos lúcidos e serenos diante das dificuldades e o que mais me espantou foi constatar que as pessoas à minha volta não pudessem acreditar que pelo menos essa liçãozinha eu aprendi na vida.
Aprendi, de verdade, que nada é mais inútil na hora da dificuldade do que o desespero. Só a serenidade, mesmo à custa de autocontrole, nos permite avaliar as possibilidades com um pouco mais de clareza, agir com discernimento, e sobretudo colaborar com quem nos está auxiliando naquela dificuldade. E isso foi o que tentei fazer o tempo todo. Eu não tentei escamotear o medo, apenas deixei-o como espectador, enquanto tomava as providências necessárias. Não tentei driblar a raiva desse mal me ter chegado justo quando começava a por em prática meus planos de vida nova, mas, por inútil, deixei que ela se desfizesse ou se transmutasse em algo mais condizente com a minha necessidade.
E cá estou eu, escrevendo sobre isso, para descobrir, desvelar, revelar, para mim mesma e para quem mais se interesse por isso, como é vivenciar os estigmas - mesmo os amorosos - que vêm junto com os rótulos que em todas as nossas ações se coloca.
Por hoje está bom não é?
terça-feira, 23 de junho de 2009
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2 comentários:
Márcia, cada dia mais querida amiga,
A emoção de ser a primeira seguidora do seu blog, só não é maior do que a de me sentir companheira sua, nesta caminhada para o o oceano.
Certo que entendo/sinto que começamos a caminhar para o oceano no momento em que somos concebidos e que esta é a única caminhada que temos certeza de que iremos trilhar.
Nas nossas caminhadas desta passagem só nos encontramos há bem poucos anos, graças ao nosso amigo comum Dr. Alberto, hoje já acolhido pelo oceano.
E durante alguns deles, ainda não estávamos caminhando de mãos dadas.
Até nos abraçarmos, de corpo e alma, no nossa família do Espaço, ou no nosso Espaço da família.
E agora, sei que continuaremos de mãos dadas até o oceano e isso me ilumina a estrada.
Com meu carinho,
Aurea
Márcia
È com alegria que recebo o teu blog, pois sei o quanto você tem a nos ensinar ao conversar com seus botões que também são nossos.
Sei da importância que aos poucos possamos compreender/ entender onde estamos e que possamos aprender como poderemos deixar a vida do Espírito de DEUS se fortalecer dentro de nós. Que teu espírito seja fortalecido com o amor de DEUS.
Te amo Miriam
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